Nota sobre a pandemia do novo Coronavírus

O Sintef-GO vem a público manifestar preocupação com a pandemia do novo coronavírus – Sars-Cov-2. Nas últimas semanas, o número de casos de Covid-19 aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou, dentre os quais se encontra o Brasil. A definição de pandemia, pela OMS, tem como objetivo orientar todos os países a adotarem protocolos para conter a disseminação e cuidar dos pacientes infectados de forma adequada. Portanto, caberia às instituições públicas forjarem gabinetes de crise, como forma de desenvolver métodos de tomada de decisão e de efetivação de protocolos científicos, estruturados em um tipo de solidariedade ativa, na e a partir da qual a preservação da saúde de um indivíduo dependeria fundamentalmente da saúde de todos. Trata-se de forjar instrumentos sociopolíticos emergenciais de enfrentamento e resposta ao processo de disseminação, tratamento dos doentes e auxílio a todos os trabalhadores brasileiros, que vivem uma situação de extrema espoliação e dependem de um tipo de trabalho altamente precarizado para sobreviver. Em tempos de barbárie, terraplanismo e avanço de uma extrema-direita obscurantista, vinculada a milicianos despidos de humanidade, a pandemia do novo coronavírus vem nos lembrar de que todos somos iguais e que a desigualdade – um tipo de doença crônico degenerativa, cultivada pelos homens – é a pior de todas as moléstias, visto que potencializa a disseminação e termina por ceifar milhares de vidas humanas. Em tempos de pandemia, devemos lembrar de quem e como aprovou:

1. Reforma Trabalhista, precarizando o trabalho e levando milhares de trabalhadores a situação de extrema pobreza;

2. Emenda Constitucional nº95, que destrói, precariza e privatiza o serviço público, único mecanismo de transferência indireta de renda, visto que promove e efetiva atendimento a milhões de brasileiros:

a) desempregados (13 milhões, no momento);

b) desalentados (5 milhões, no momento);

c) subempregados (39 milhões, no momento);

d) trabalhadores que ganham de 1 a 3 salário mínimo (maior parte da População Economicamente Ativa). Todos deixados a própria sorte, visto que são populações de maior risco de contaminação, devido as condições de moradia, transporte e trabalho.

3. Reforma da Previdência, de tal forma a desassistir milhões de idosos, nos
próximos anos;

4. Deve-se lembrar que está em curso a tentativa de aprovação da Reforma Administrativa, da PEC Emergência e do Pacto Federativo, que visam destruir o serviço público, as Instituições Federais de Educação Superior (Institutos e Universidades Federais), bem como o Sistema Único de Saúde (SUS), todos serão fundamentais, direta e/ou indiretamente, para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, tanto para reduzir o ciclo de transmissão (visto que sua disseminação, na forma de contaminação comunitária, se dá em uma progressão geométrica), quanto para efetivar pesquisas, fazer os necessários atendimentos e promover os diferentes tipos de cuidados. Nesse momento, defender e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) será de fundamental importância, visto que atende mais de 75% da população brasileira. Isso significa defender e fortalecer o serviço público e reivindicar que os entes federativos do Estado brasileiro direcionem os recursos públicos para contratação de servidores, tanto para a realização de pesquisas, quanto para a realização dos atendimentos.

Portanto, devemos ficar atentos e vigilantes, para que as autoridades públicas não se utilizem da situação de crise e pandemia para enriquecer as corporações de saúde privada que vivem da deterioração e da precarização do SUS. As autoridades obscurantistas que tomaram o país de assalto, desde a declaração de pandemia pela OMS, mantêm-se na completa inatividade. O presidente-miliciano e seu estafe obscurantista trataram a pandemia com desdém e a caracterizaram como fantasia comunista, ao mesmo tempo em que convocaram e participaram de manifestações golpistas neste domingo (15/3), reivindicando o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. No caso de Goiás, o prefeito de Goiânia anunciou que “Goiânia é protegida por Deus e não será afetada”; o Vaqueiro da Lava Jato, que “governa” o Estado como se fosse uma de suas fazendas, não deu atenção devida à pandemia, de tal forma a não preparar as instituições para atuarem de forma sistêmica, unificada e efetiva para reduzir o ciclo de transmissão, incentivar pesquisas, fazer os atendimentos e promover os necessários cuidados. A realidade demonstra quem de fato são os parasitas.

Nesse momento, enfrentar a pandemia do novo coronavírus, significa fortalecer as frentes políticas que reivindicam a democratização das instituições e da sociedade brasileira. Trata-se do momento em que, em uníssono, a classe trabalhadora deve exigir a revogação da Reforma Trabalhista; da Emenda Constitucional nº95; da Reforma da Previdência; bem como o fim da tramitação de todos projetos obscurantistas encaminhados no Congresso Nacional. Assim, o Sintef-GO conclama a categoria a se manter em estado de mobilização, visto que os combates e as lutas terão que ser travadas em diversas frentes. No âmbito do IFG e IF Goiano, em diálogo permanente com os reitores, nos posicionamos pela suspensão das atividades acadêmicas e administrativas, bem como reivindicamos a construção de protocolo, acordado com as entidades sindicais, para a definição do tipo de suspensão a ser adotada, de tal forma a avaliar a necessidade de manutenção de possíveis atividades essenciais, indicadas pela instituição, tanto de servidores técnico-administrativos, quanto terceirizados.

Goiânia, 15 de março de 2020.

Sintef-GO, na luta!
Venceremos!

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