A partir da compreensão de que a comunicação aberta e o diálogo são fundamentais no processo da greve, trabalhadoras/es do IFG e IF Goiano vem a público se posicionar e expor os motivos de manutenção do movimento grevista.
As condições que levaram à deflagração da greve partem de um quadro político desenvolvido nos dois governos anteriores (Temer e Bolsonaro). Desde estes momentos as/os profissionais sofreram congelamento de seus salários e ataques às suas condições de trabalho e liberdade sindical. Adiciona-se o fato de sucessivos cortes no orçamento que repercutiram sobre o funcionamento dos Institutos Federais (IFs), afetando, por exemplo, a assistência estudantil, a aquisição de materiais e insumos, a manutenção e o investimentos em equipamentos e infraestrutura, os programas de bolsas e seus reajustes.
Após um ano de Governo Lula, durante o qual, em essência, foram mantidos os sucessivos cortes orçamentários herdados dos governos anteriores e apenas teve curso a aprovação do reajuste de 9% emergencial previsto no Orçamento Público Federal do Governo Bolsonaro, e diante das dificuldades de avanço nas negociações para 2024, iniciamos nossa Greve no dia 3 de abril. Conscientes do potencial da nossa mobilização, foram realizadas assembleias por todo o país, com ampla participação dos/das trabalhadores/as que deliberaram pela adesão ao movimento paredista. A negociação com o Governo Lula parte de quatro eixos:
1) recomposição das perdas salariais acumuladas entre 2010 e 2023;
2) reestruturação da carreira PCCTAE e EBTT;
3) recomposição orçamentária dos IFs;
4) revogação de todas as normas que prejudicam a Educação Federal aprovadas nos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2022).
Na terceira semana de greve unificada, observou-se uma expansão significativa e uma maior intensidade do movimento grevista. Isso forçou o Governo a sair de sua inércia, levando-o a apresentar nova proposta no dia 19 de abril. Entretanto, a proposta anunciada foi considerada tão irrisória aos interesses da categoria e à causa da Educação que provocou um aumento substancial na adesão ao movimento de paredista. Muitas/os servidoras/es, que inicialmente não tinham se juntado à greve, perceberam a importância de se unir ao movimento, ao passo que unidades pelo Brasil todo que até então não haviam aderido optaram por fazê-lo. Como resultado já somos 78 seções sindicais e mais de 530 unidades da Rede Federal em greve.
Em assembleias convocadas pelas Seções Sindicais do SINASEFE para apreciar as propostas do Governo, houve unanimidade em manter o movimento grevista, o que se ratificou na 190ª Plenária Nacional, com uma participação histórica de 324 sindicalizadas/os de 68 seções. Em votação, foi rejeitada por ampla maioria a proposta apresentada pelo Governo em 19 de abril, que previa: em termos de recomposição salarial, 0% para 2024, 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026 para docentes e TAEs; correção dos auxílios (alimentação de R$ 658 para R$ 1.000, pré-escolar de R$ 321 para R$ 484 e per capita saúde de R$ 215, cujo aumento varia segundo o salário e idade); e pequenas adequações nas carreiras PCCTAE e EBTT. No total dos votos de delegadas/os representantes da base, foram 94 votos pela rejeição da proposta, três votos favoráveis e uma abstenção.
O SINASEFE também tem buscado a ampliação do diálogo com o Governo em torno das demandas não econômicas que pautam o atual movimento grevista. É urgente a revogação das normas que prejudicam e independência didático-pedagógica das instituições e o pleno atendimento aos compromissos sociais da Rede Federal. A revogação de medidas que reforçam o dualismo na Educação Brasileira – como o Novo Ensino Médio, a BNCC, a BNC Formação e as novas diretrizes para a Educação Profissional e Tecnológica – e que limitam as possibilidades de organização do trabalho e da indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão são demandas fundamentais na defesa de nossas instituições.
No contexto de fortalecimento do movimento na Rede Federal e de seu crescimento nas Universidades, a greve continua e precisa ser fortalecida. Por isso orientamos para que seja fortalecida a atuação dos Comandos Locais de Greve, com realização de atividades de mobilizações, processos formativos político-sindicais e acadêmicos e chamadas de assembleias e reuniões da base para debate e posicionamento acerca do movimento nacional e das negociações internas no IFG e no IF Goiano.
Nós, trabalhadoras/es em greve, temos compreensão dos impactos e transtornos causados pelo movimento paredista. Entretanto, a greve tem sido nossa principal e necessária ferramenta de luta para exercer pressão e força nas negociações, com vistas a assegurar a defesa da Rede Federal e a valorização de suas e seus profissionais.
As propostas do Governo não atendem plenamente ao que consideramos uma valorização efetiva, havendo espaço no orçamento para estender as negociações nos próximos dias. É crucial melhorar as condições salariais e de carreira das/os TAEs e docentes, assim como é fundamental assegurar a necessária recomposição orçamentária dos IFs (e Universidades Federais) para promover a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão em cada um dos Câmpus de nossas instituições. Por isso contamos com o engajamento das/os servidoras/es dos IFs na construção e fortalecimento da greve, bem com a compreensão e o apoio indispensável de nossas/os estudantes, mães, pais e responsáveis.
Seguimos na Luta!
Pela recomposição salarial!
Pela reestruturação das Carreiras PCCTAE e EBTT!
Pela ampliação dos recursos e valores da assistência estudantil!
Pela recomposição do orçamento dos Institutos e Universidades Federais!
Pela revogação de políticas, leis e portarias que atacam a Educação e as IFES!
COMANDO ESTADUAL DE GREVE DO SINASEFE
Seção Sindical Águas Lindas do SINASEFE
Seção Sindical Formosa do SINASEFE
Seção Sindical Itumbiara do SINASEFE
Seção Sindical Jataí do SINASEFE
Seção Sindical Luziânia do SINASEFE
Seção Sindical Morrinhos do SINASEFE
Seção Sindical Rio Verde do SINASEFE
Seção Sindical Uruaçu do SINASEFE
Seção Sindical Urutaí do SINASEFE
Sintef-GO/Seções Sindicais de Base Anápolis, Campos Belos, Ceres e Goiânia Oeste