Preso por estar carregando um livro. Mantido em cárcere em lugar desconhecido de sua família. Torturado com queimaduras. Torturado com choques elétricos nas partes mais sensíveis de seu corpo. Viu, um jovem estudante da cela ao lado ser torturado até a morte por não dizer o que não sabia. Essa é a história resumida ao máximo do jornalista Wilmar Alves.
Wilmar era servidor, na Rádio Universitária, da Universidade Federal de Goiás. Foi preso por agentes da Ditadura Empresarial-Militar por carregar livros de sociologia que haviam sido proibidos pelo governo. O que essa prisão nos mostra é uma sociedade que proibiu o falar e, como se já não fosse suficientemente absurdo, proibiu o pensar. Graças aos esforços de sua família para encontrar seu paradeiro, Wilmar ainda viveu vinte anos após o que se convencionou chamar de redemocratização. Uma vida acompanhada de dores, sofrimento, pesadelos constantes. Dele não foram tiradas apenas a liberdade de expressão e de pensamento, mas também a paz – e para sempre.
Hoje há quem diga que não foi bem assim. Há quem diga, como os membros do governo federal, que o que aconteceu em 1 de abril de 1964 – e que durou 21 anos – foi uma “Gloriosa Revolução”. Há quem diga que houveram avanços na economia, que a educação era melhor, que a violência era menor, que não havia corrupção. Há, para nosso desespero, quem queira inclusive a volta de um regime tão violento e sangrento como aquele! Regime esse que foi instaurado para defender os interesses dos Estados Unidos da América e do grande capital, deixando a classe trabalhadora ainda mais à margem da sociedade.
Para que não existam novos Wilmar Alves, novos Ismael de Jesus (aquele rapaz torturado até a morte do começo do texto), é que o Sintef-GO convida a todos os filiados e seguidores a estudarem e refletirem nesse momento de distanciamento social sobre todo sofrimento imposto por aquele regime (e pelo neoliberalismo que se seguiu).
A História nos adverte a não repetir os erros do passado, devemos ouvi-la. Mas mais do que isso é fundamental dar espaço à memória, ao pensamento crítico. Hoje o movimento que se vê junto com o ressurgimento da extrema direita é de uma apropriação da História, um revisionismo histórico que quer apagar tudo aquilo que a seu tempo a Ditadura não conseguiu esconder.
Diga não ao revisionismo histórico, não à negação da ciência, não aos ataques contra o pensamento crítico. Estamos justamente no momento em que a ciência se mostra mais fundamental para a vida. Situação que a História já nos avisava antes e não ouvimos.
#DitaduraNuncaMais