Sintef-GO esteve presente junto a dezenas de servidores e estudantes da Rede
A manifestação contra os cortes de gastos na educação e em defesa da previdência ocorreu na tarde de ontem em Goiânia e atraiu cerca de 25 mil pessoas, em sua maioria professores, estudantes, pais e mães de alunos, coletivos do movimento estudantil e sindicatos de trabalhadores da educação. A caminhada se iniciou por volta das 17h15 na Praça Universitária e desceu a Rua 10, cruzando a Praça Cívica até a Avenida Goiás e sendo finalizada e dispersada na Praça do Bandeirante. Os atos aconteceram em pelo menos 136 cidades de 25 estados, além do Distrito Federal. A maior das manifestações foi na capital paulista, com mais de 200 mil pessoas reunidas no Largo da Batata.
Em Goiás, pelo menos 12 cidades tiveram passeatas ou atividades de mobilização popular contra os cortes na educação. No período da manhã, as manifestações ocorreram em Catalão, Ceres, Posse, Anápolis, Rio Verde e Luziânia. No município de Rio Verde, o ato teve concentração em frente ao IF Goiano e, em Luziânia, contou com ampla adesão da comunidade do Câmpus do IFG, reunidos em frente à Igreja Matriz. Nas demais cidades do estado, as mobilizações foram organizadas principalmente pelos estudantes e servidores da UEG, UFCat, UFJ e UFG – Regional Goiás.
Confira a galeria de fotos do ato de Goiânia
O 30 de maio serviu de “esquenta” para a greve geral de 14 de junho, que está sendo organizada pelas centrais sindicais e deve mobilizar milhões contra a reforma da previdência e em defesa da retomada do emprego. Além das dificuldades vividas pela educação pública do país, o desemprego atingiu níveis recordes ao final de abril. A última medição do IBGE concluiu que 28,4 milhões de pessoas estão com a força de trabalho subutilizada – desempregados, desalentados (os que desistiram de procurar trabalho) e subempregados (trabalham menos do que queriam ou poderiam) – o equivalente a 24,9% dos brasileiros em idade para trabalhar. Tal número é o maior da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, iniciada em 2012.
Weintraub provoca manifestantes
O governo voltou a botar lenha na fogueira dos protestos estudantis. Assim como no 15 de maio, quando Jair Bolsonaro chamou estudantes de “idiotas úteis e massa de manobra de espertalhões”, ontem o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que “é ilegal alunos serem coagidos a participar de manifestações político-partidárias. Com isso, professores, servidores, funcionários, alunos, pais e responsáveis não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”. O ministro ainda incitou a população a fazer denúncias na ouvidoria do MEC, caso se constatasse esses “estímulos”.
A declaração foi repudiada em nota assinada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes – SN): “as declarações do ministro da Educação são uma afronta à liberdade de ensinar e aprender, estruturantes do ensino público. Demonstram o equivocado raciocínio do governo de que os/as estudantes seriam incapazes de pensar de forma independente”.
Entenda os cortes na educação (Publicado originalmente no G1, com informações adicionais da Comunicação do Sintef-GO)
- Em decreto de março que bloqueou R$ 29 bilhões do Orçamento 2019, o governo federal cortou R$ 5,8 bilhões da educação;
- Dos R$ 5,8 bilhões cortados, R$ 1,704 bilhão recai sobre o ensino superior federal;
- Em maio, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou sobre a suspensão da concessão de bolsas de mestrado e doutorado;
- Os cortes e a suspensão motivaram os protestos de 15 de maio;
- Antes dos atos, o governo disse que reverteria os cortes, mas volta atrás no mesmo dia e endossa os atos do dia 15;
- Uma semana depois do 15M, o governo liberou R$ 1,5 bilhão para o MEC, recompondo somente 25% do total bloqueado. Depois, ainda afirmou que o montante impediu um novo corte nos recursos discricionários já bloqueados.