Começa hoje a 3ª Jornada Goiana de Direitos Humanos

Organizada pelo Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino, se inicia hoje a 3ª Jornada Goiana de Direitos Humanos, que vai até 15 de dezembro. O evento, que irá ocorrer em diversos locais da cidade e envolver diferentes atores e movimentos sociais vinculados à militância em defesa dos direitos humanos, conta com o apoio do Sintef-GO e tem como lema  “Organizar a luta, defender a vida”. A entrada para todas as rodas de conversa, debates, mostras e exposições artísticas da Jornada é franca.

Entre os destaques da programação está a conferência com o escritor Frei Betto, hoje, às 19 horas, no auditório do Centro Cultural da UFG, na Praça Universitária, em Goiânia. No mesmo dia e local ocorrem os lançamentos do edital do 2º Prêmio Dom Tomás Balduíno para Imprensa e da Agenda Latino-americana 2020. A programação conta ainda com as exposições fotográficas “Repartir a Terra é Dividir o Pão” (curadoria de Antonieta de Sant’Ana) e “Cotidianos de Infância” (curadoria de Júlia Mariano). Na segunda-feira, 12, ocorrerá a Mostra de Cinema e Direitos Humanos, a partir das 14h, na CaraVideo – Rua 83, 361, Setor Sul – e, no domingo (15), o debate sobre Direito Humano à Habitação, na ocupação urbana Alto da Boa Vista, em Aparecida de Goiânia.

O coordenador do Comitê Goiano e representante da Comissão Dominicana de Justiça e Paz, Frei João, é um dos organizadores da Jornada, e explica que o evento busca resgatar a dimensão coletiva dos direitos humanos, que muitas vezes são tratados como direitos individuais. De acordo com o frade, um dos grande esforços para se criar a cultura dos direitos humanos é fazer com que cada um de nós se sinta emancipado através do reconhecimento dos direitos do outro.

“Existe hoje em dia uma falsa noção de que direitos humanos são apenas para indivíduos isolados, como a ideia do ‘cidadão de bem’, que seria merecedor do gozo de direitos e de riqueza por causa de seu esforço próprio. Essa noção é falsa não apenas porque individualiza questões de dimensão coletiva, mas porque apaga as diferenças de classe, cor e gênero que existem entre as pessoas. Eu percebo direitos humanos não apenas como a emancipação do outro e da outra isoladamente, mas como emancipação que também me atinge. Viver numa sociedade onde os direitos humanos são garantidos, são respeitados, me traz as condições para eu viver mais seguro e mais feliz. Pensar que se pode ser feliz sozinho é um contrasenso; veja, uma das coisas mais tristes é você ter uma boa notícia para contar e não ter alguém para compartilhar, não ter com quem dividir sua felicidade”, exemplifica.

Frei João também afirmou a importância de se pensar a luta em defesa dos direitos humanos em uma perspectiva latino-americana, pois, como metaforizou, o pêndulo quando balança para um lado em nosso continente leva todos para esse lado, e quando balança para outro, leva todos para o outro. “Isso ocorre pois nosso continente está integrado na periferia do sistema capitalista mundial, do neoliberalismo. Mas também é importante notar que os retrocessos nos direitos humanos vêm se acentuando não só aqui, mas também na África, na Ásia, na Europa e por todo o mundo”, defende.

Por fim, o frade conclamou a juventude e os trabalhadores a assumirem a iniciativa e o protagonismo da resistência na defesa dos direitos. “Nesses momentos difíceis, a história nos ensina que entram em cena os sindicatos, os movimentos populares e os jovens, que são os atores principais da renovação. É sempre importante lembrar que todos os avanços que tivemos enquanto sociedade foram feitos a ferro e fogo, conquistados com muito sofrimento e muitas mortes. Nada nunca foi dado como dádiva. Os sindicatos, por exemplo, não são clubes recreativos de celebração, são os aparelhos de luta dos trabalhadores para conquistar e garantir direitos. Direitos humanos são conquistados, mas também podem ser perdidos se não defendidos”.

Confira a programação completa da 3ª Jornada Goiana de Direitos Humanos:

3ª JORNADA GOIANA DE DIREITOS HUMANOS
Organizar a luta, defender a vida

Data: 9 a 15 de dezembro/2019
Realização: Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino.

09/12/2019 – segunda-feira

19h – Conferência Magna com o escritor Frei Betto.

Abertura da III Jornada Goiana de Direitos Humanos.

Lançamento do livro Por Que Não Me Sinto Segura Dentro de Minha Própria Casa? – Maria Ramos (Grupo Mães pela Paz)

Lançamento do Edital do 2˚ Prêmio Dom Tomás Balduino de Direitos Humanos para Imprensa.

Lançamento da Agenda Latino-Americana 2020, editora Expressão Popular.

Coordenação: Comissão Dominicana de Justiça e Paz.

Exposições fotográficas: Repartir a Terra é Dividir o Pão (Curadoria: Antonieta de Sant’Ana) e Cotidianos de Infância (Curadoria: Júlia Mariano).

Local: Auditório do Centro Cultural da UFG – Praça Universitária.

Apoio: CCUFG e PROEC.

10/12/2019 – terça-feira

10h – Transmissão de programas de direitos humanos nas rádios comunitárias Noroeste (87.9 FM), Vila Boa, Universitária e Trabalhador 

14h – Roda de Conversa sobre a Declaração Universal de Direitos Humanos com adolescentes e familiares atendidos pelo CREAS Leste.
Local: CREAS Leste.
Coordenação: Movimentos de Policiais Antifascismo.

14h – Discussão: Retrocesso e violações de direitos humanos na Assistência Social.
Local: Centro Cultural Cara Video. Coordenação: CRESS.

16h – Um Violador em seu Caminho – Performance de Las Tesis em Goiânia.
Local: Praça Universitária. Coordenação: Bloco Não É Não.

18h30 – Debate sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos na TV UFG com Pedro Wilson e Ana Lúcia (canal 15.1 UHF / 21 NET).
Coordenação: Magnifica Mundi / FIC / Coletivo Dona Alzira.

19h – Reunião Ampliada de Defensores e Defensoras de Direitos Humanos da Região Sudeste Goiana.
Local: UFCAT – Auditório Sirlene Duarte. Coordenação: Observatório de Direitos Humanos do Sudeste Goiano.

11/12/2019 – quarta-feira

14h – Circuito Difusão – Mostra de Cinema e Direitos Humanos.

Sessão 1 de curtas:

À Espera, de Nivaldo Vasconcelos e Sonia André, 22’

A Rua é Noiz, de Eduardo Cunha e Pedro Cela, 14’

Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, Rosana C. / Elias N. / Juana M. / José G. / Mauricio N. / Sandro L., 25’

Local: CaraVideo (Rua 83, 361, Setor Sul). Coordenação: Coletivo Desencuca.

18h30 – Entrevista ao vivo – Maria Ramos (Grupo Mães pela Paz) – TV UFG.

19h – Oficina Debate sobre Direito Humano à Comunicação: transmissão para rádios comunitárias populares. Coordenação: Rádio Trabalhador

12/12/2019 – quinta-feira

14h – Circuito Difusão – Mostra de Cinema e Direitos Humanos.

Sessão 2 de curtas:

Nós, de Thiago Simas, 6’

A Bicicleta do Vovô, de Henrique Dantas, 22’ A câmera de João, Tothi Cardoso, 22’

Local: CaraVideo (Rua 83, 361, Setor Sul). Coordenação: Coletivo Desencuca.

19h – Lançamento do livro Palestina – Do Mito da Terra Prometida à Terra da Resistência – Sayid Marcos Tenório.

Debate com o escritor Sayid Marcos Tenório, historiador

Thiago Damasceno e professora Claudia Balduino. Mediação: Eduardo Carli.

Local e coordenação: A Casa de Vidro Ponto de Cultura.

13/12/2019 – sexta-feira

9h – Apresentação do Relatório de Violações de Direitos Humanos 2019.
Local: Assembleia Legislativa de Goiás.
Coordenação: Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino.

9h – Roda de Conversa sobre a Declaração Universal de Direitos Humanos com adolescentes e familiares atendidos pelo CREAS Noroeste.
Local: CREAS Noroeste.
Coordenação: Movimento de Policiais Antifascismo.

14/12/2019 – sábado

19h – Festa da Resistência Latino-Americana com show de Adriel Vinicius e Mostra Audiovisual.
Local e coordenação: A Casa de Vidro.

15/12/2019 – domingo

16h – Debate sobre Direito Humano à Habitação. Local: Ocupação Alto da Boa Vista (Aparecida de Goiânia). Coordenação: MLB.

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