Servidores dos Institutos Federais da região Centro Oeste participam do Encontro Regional do Sinasefe

Evento marcou politicamente a refiliação do Sintef-GO à entidade

O Encontro Regional Centro Oeste do Sinasefe, organizado pelo Sintef-GO, ocorreu no Câmpus Goiânia do IFG entre os dias 14 e 16 de dezembro. Compareceram cerca de 40 docentes e técnico-administrativos do Instituto Federal de Brasília, Instituto Federal de Mato Grosso, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul e Instituto Federal de Goiás, representando a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica do Centro Oeste.

O evento contou com cinco mesas durante os dois primeiros dias de Encontro, onde os participantes debateram análise de conjuntura, sindicalismo no Brasil, reforma do ensino médio e opressões, carreira única dos servidores da educação e ataques fascistas às liberdades democráticas. No último dia, os presentes se dividiram em dois Grupos de Trabalho para elaborarem a resolução final do Encontro.

1º dia

O Encontro se iniciou na tarde de sexta-feira (14/12), com uma apresentação cultural de música regional e internacional feita por artistas e professores locais. Após o show, foi realizada a mesa de abertura, com o tema “análise de conjuntura”, ministrada pelo presidente do Sintef-GO, Marcelo Lira, e diretores nacionais do Sinasefe presentes na atividade. Os principais pontos frisados foram em relação ao momento político que o país vive e às possibilidades concretas de retrocessos, com a eleição de Jair Bolsonaro, e o conservadorismo de sua composição ministerial.

Confira a apresentação cultural 

Confira a íntegra da mesa

O primeiro dia se encerrou com a mesa “Ataques Fascistas às liberdades democráticas”, realizada pelo professor do Instituto Federal de Brasília (IFB), Júlio Mangini, e por Marcelo Lira. Júlio expôs as causas e fenômenos sociais e psíquicos do fascismo, e retomou historicamente como ele se associou à iniciativa privada dos países onde ocorreu. Já Marcelo Lira enfatizou a necessidade de a esquerda construir uma frente ampla, que articule um programa político de unidade com os setores da classe trabalhadora em defesa das liberdades democráticas, de suas demandas particulares, e construída a partir de seus locais de trabalho, estudo e moradia.

O docente do IFB analisou também a perspectiva histórica fascista no Brasil. “Atualmente, 1964 está mais vivo do que nunca porque não houve nenhum tipo de condenação das ações do Estado durante os mais de 20 anos de ditadura militar, e a anistia foi o principal passo no sentido de jogar os crimes do regime para debaixo do tapete, porque colocou no mesmo rol torturados e torturadores, violentados e violentadores, assassinados e assassinos”.

Confira a íntegra da mesa

2º dia

O sábado (15/12) foi o dia mais cheio do Encontro, com os trabalhos se iniciando às 8h30 e se encerrando às 19h. A primeira atividade foi uma mesa que discutiu o tema “Estado e Sindicalismo no Brasil: passado, presente e futuro”, onde o professor de História da UFG, David Maciel, traçou a história do movimento sindical no Brasil, desde o início do século passado, comentando seus vínculos com o Estado, analisando seu caráter estrutural e falando das possibilidades de resistência e autonomia de classe para o futuro. “A reforma trabalhista modifica de forma tão profunda a organização dos sindicatos no Brasil como não víamos desde a década de 30, com o surgimento do sindicalismo de Estado”, alertou o professor no início de sua fala.

Confira a íntegra da mesa

A primeira mesa da tarde, “Reforma do Ensino Médio e Opressões”, foi comandada por Gelder Pompeu (IFMT – Várzea Grande), Evaldo Gonçalves (IFG – Jataí), Isaías dos Santos e Sérgio Oliveira (DN Sinasefe). Gelder e Sérgio debateram o desmonte da rede federal, denunciado as reformas neoliberais implementadas pelo governo Temer e a política de conciliação de classes exercida pelo governo petista, que atrelou, na avaliação dos palestrantes, a concepção da rede aos dos interesses do capital. Sérgio afirmou que a rede de ensino básico necessita de investimentos desde o Ensino Fundamental, para permitir que os alunos entrem no ensino médio com uma base educacional já formada.

O professor, que é lotado no Instituto Federal da Paraíba, também criticou a Reforma do Ensino Médio, por permitir a contratação de professores por notório de saber e obrigar os colégios a adotarem ensino integral, apesar de os recursos estarem congelados pela PEC do teto de gastos. Segundo ele, se trata, na verdade, de garantir a abertura da educação básica para as grandes empresas do mercado. “Além dessas medidas, temos também o Ensino a Distância até o Fundamental, que o novo ministro do governo Bolsonaro diz que vai implementar, acarretando em problemas para todas as áreas. Quer dizer, as mães terão que escolher entre acompanhar os filhos em casa, que estarão estudando, ou sair para trabalhar e ter que deixá-los em casa, e aí a possibilidade de eles abandonarem os estudos e se marginalizarem é maior”.

Evaldo Gonçalves, técnico-administrativo do IFG-Jataí, responsável por debater o tema das Opressões, frisou na sua fala que os movimentos sociais em geral, entre eles o sindical, precisam se preocupar com a saúde mental da classe trabalhadora, especialmente os LGBTs, negros e mulheres. “Os ataques do governo, do capital, que estamos discutindo desde o início do Encontro, nos afligem não só fisicamente, mas minam nossas forças em todos os sentidos. Muitas vezes a gente acaba se sentindo desalentado, sem saber o que fazer. Podemos até saber objetivamente como resistir, mas não sabemos o que se passa dentro da cabeça dos nossos companheiros e das nossas companheiras, tanto que não são raros casos de amigos e amigas nossos que tiraram a própria vida. Então, mais do que nunca, precisamos olhar uns para os outros com olhos que, além da luta, sejam olhos de acolhimento”.

Confira a íntegra da mesa

A última mesa do encontro, fechando o sábado, debateu o tema “Carreira Única dos Trabalhadores da Educação (docentes e técnico-administrativos)”, e foi comandada pelo diretor do Sinasefe e servidor técnico-administrativo do IFG, Paulo Reis. Ele afirmou que a defesa da carreira única é resultado da concepção avançada de sindicato adotada pelo Sinasefe, de organização por local de trabalho, e não por categoria. Ao longo da palestra, apresentou tópicos da lei da carreira dos TAEs, como a progressão, os vencimentos básicos, gratificações por titulação, jornadas de trabalho semanais, aposentaria, etc, destrinchando e explicando o funcionamento da carreira dos técnico-administrativos para o público. “Precisamos derrotar a Emenda Constitucional 95, pois as possibilidades de funcionamento das nossas carreiras, de docentes e técnicos, estão ameaçadas. Nossa proposta de carreira única é maravilhosa, mas precisaremos lutar não só para derrotar os ataques que estão colocados a frente, mas para defender o que temos agora. Nossos salários, nossa aposentadoria e a educação brasileira de maneira geral, que tem tido brilhantes resultados na rede federal”, defendeu o diretor.

Confira a íntegra da mesa

Encerramento

O Encontro foi finalizado no domingo (16/12) no período da manhã. Após as discussões realizadas nos dias anteriores, os participantes se dividiram em dois grupos de trabalho (um de políticas gerais e outro de políticas educacionais) para sintetizar as principais pautas levantadas e debatidas nas mesas e elaborar dois documentos: a carta do encontro e as resoluções políticas. Após o término dos documentos, eles foram lidos pela mesa e abertos a destaques para o público, finalizando o Encontro Regional Centro Oeste do Sinasefe.

Leia a Carta

Leia as Resoluções

O presidente do Sintef-GO, Marcelo Lira, avaliou o Encontro como entusiasmante e demarcador, politicamente, do retorno do sindicato ao Sinasefe. “O Sintef-GO vem adotando, desde 2016, uma política de atuar em frentes, junto a outros sindicatos e movimentos sociais, como forma de resistir ao avanço e consolidação crescentes da reação no plano regional, representado por figuras como Caiado, aqui em Goiás, Azambuja, no Mato Grosso do Sul, Mauro Mendes, em Mato Grosso, e o Bolsonaro, no âmbito nacional. Portanto, nesse momento histórico, marcado pelos 10 anos que a Rede Federal está completando, construir a frente ampla em defesa das liberdades democráticas, em defesa dos serviços públicos, em defesa dos direitos dos trabalhadores é a saída para que consigamos lutar pela manutenção da Rede e contra seu sucateamento”, afirmou o presidente.

Confira a íntegra da mesa final

Confira o pronunciamento de Marcelo Lira pelo Sintef-GO

Veja a galeria de fotos do Encontro

 

Vídeos de pronunciamentos pessoais

Camila Marques (DN Sinasefe)

Carlos Magno (IF Baiano)

Eliel Regis e Edson Sant’Ana (IFMT)

Evaldo Gonçalves (IFG)

Gelder Pompeu (IFMT)

Isaías do Santos (DN Sinasefe)

Júlio Mangini (IFB)

Lucas Barbosa (IFB)

Paulo Reis (DN Sinasefe)

Sérgio Oliveira (IFPB)

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